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Aquecimento global e mudanças climáticas: como combater?

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Aquecimento global e mudanças climáticas: como combater?
O aquecimento global e as mudanças climáticas são problemas coletivos, pois derivam de questões históricas e estruturais. Contudo, é possível realizar pequenas ações para auxiliar na luta do combate ao colapso do clima. Nesse artigo, você vai entender porque não depende só de você, mas também, o que você pode fazer para ajudar.
Por que a mitigação do aquecimento global e das mudanças climáticas não depende só de você?
Antes de sugerir qualquer ação, é preciso entender que tanto as mudanças climáticas como a poluição atmosférica são problemas coletivos. Isso quer dizer que, além de atingirem diversas pessoas ao redor do mundo, a resolução dessas questões depende de diversos atores sociais.
Diante disso, separamos os 2 principais motivos que tornam a mitigação das mudanças climáticas um problema que vai muito além das suas atitudes individuais (por mais que elas sejam desejadas e necessárias!):
1. Existem conflitos de interesses entre grupos sociais
Para exemplificar esse ponto é pertinente trazer a série “Aruanas”, uma recente produção audiovisual brasileira, produzida pelos Estúdios Globo e pela Maria Farinha Filmes.
Na obra, conhecemos os ativistas que trabalham na ONG Aruana, focada em investigar ameaças socioambientais. A primeira temporada se passa na floresta amazônica e explora a temática da mineração ilegal, que causa, além dos danos ambientais, problemas de saúde nas populações indígenas e ribeirinhas. Dessa maneira, somos apresentados a disputas internas de poder e esquemas de corrupção entre empresas e poder público.
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Elenco principal da série "Aruanas" (Globo/Divulgação)
Nesse cenário, de um lado se encontra a mineradora KM, participando ativamente da destruição da floresta, e do outro a sociedade civil, que sofre com doenças, perda do seu território e exploração trabalhista. A empresa encontra apoio por parte da população, ao representar avanço econômico e geração de empregos na região. |Porém, nos bastidores, o dono da KM não esconde seu principal objetivo: expansão e acúmulo de capital social e econômico.
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Série "Aruanas" (Globoplay/reprodução)
Essa situação fica pior quando descobrimos que a KM possui aliados em diversas instituições públicas como delegacias e hospitais. Ou seja, funcionários públicos estão indiretamente a serviço dos interesses da mineradora. Isso acontece, basicamente, porque a narrativa dominante é a de que empresas como a KM são necessárias para a prosperidade do país. Além disso, no imaginário de grande parte da população, o trabalho de ONGs é atrasar o desenvolvimento do Brasil.
Dessa forma, os conflitos de interesse são, sobretudo, desiguais. Pois empresas reais como a fictícia mineradora KM, possuem influência e dinheiro para desempenhar ações ilegais. Enquanto isso, ativistas possuem recursos mínimos para lidar com essas situações. Muitos deles, inclusive, são assassinados. Afinal, os rastros dessas ações são apagados, as pessoas adoecem e o Meio Ambiente entra em colapso.
2. O aquecimento global e as mudanças climáticas derivam de questões estruturais
As mudanças climáticas são o maior desafio do século XXI. Isso se deve, principalmente, à sua magnitude. Afinal, é um problema que atinge a todos nós. Entretanto, existem grupos que são mais vulneráveis aos desdobramentos do clima. Isso ocorre devido a profunda desigualdade social resultante do sistema econômico vigente.
O ND-gain é um índice que calcula a vulnerabilidade dos países face às mudanças climáticas. Segundo o índice, as regiões mais desprotegidas estão localizadas na África, Ásia e América do Sul. Enquanto Estados Unidos da América, Canadá e Europa possuem as melhores notas. Esse é o retrato da desigualdade mundial e do imperialismo ecológico que colabora com o avanço do colapso climático.
Desigualdade nas consequências
Nesse sentido, o estrago causado pelo Furacão Dorian em 2019 é um alerta das consequências possíveis do aquecimento global em um mundo desigual. Especialmente para países pobres, que estão pouco preparados. O Dorian foi o furacão mais forte já registrado nas Bahamas e mudou completamente a vida das pessoas atingidas. Essa intensidade decorreu, principalmente, devido ao aumento da temperatura da água do mar. Esse fato tem relação direta com o aquecimento global e causa ventos mais fortes. Ou seja, o cenário perfeito para grandes tempestades ocorrerem.
Vista aérea dos danos causados ​​pelo furacão Dorian, capturada sobre o Porto de Marsh, cidade na grande Ilha de Abaco, nas Bahamas em 4 de setembro. (© Scott Olson/Getty Images)[/caption]
Desigualdade nas causas
Outro exemplo de como a desigualdade social se relaciona com as questões ambientais está no primeiro capítulo da série Aruanas. Por exemplo, o garimpo ilegal retratado na obra só existe devido o trabalho extenuante dos garimpeiros da região. Esse grupo é capaz de suportar longos períodos de trabalho, doenças, baixa remuneração e participar ativamente da destruição da floresta devido a vulnerabilidade que vivem. Assim, é preciso entender que o debate vai além de quem é “bom” ou “ruim”. Pois, a falta de acesso a direitos básicos (como direito à saúde, trabalho, alimentação e moradia) colabora com a situação mencionada acima.
Mas calma! Não desanime. Sempre existem caminhos para se percorrer. No próximo tópico, algumas sugestões para você colocar em prática na luta contra as mudanças do clima.
Afinal, o que é possível fazer para conter o avanço do aquecimento global e das mudanças climáticas?
1. Cobrar dos representantes políticos engajamento na questão da qualidade do ar
A má qualidade do ar está profundamente ligada ao colapso climático. No Brasil, um dos grandes problemas na questão nesse sentido é a falta de investimento em pesquisa na área. Isso porque, antes de tomar qualquer ação efetiva, é necessário entender quais são as fontes e os contaminantes presentes no ar.
Nossa última pesquisa de análise de monitoramento da qualidade do ar no Brasil mostrou que apenas dez estados e o DF realizam o monitoramento através de 371 estações ativas – 80% delas na Região Sudeste. Esse cenário é reflexo da falta de recursos públicos, que demonstra como nossos representantes políticos estão distantes desse debate.
Dessa forma, é preciso cobrar das pessoas eleitas atenção a esse tema. Além disso, escolher governantes, deputados e senadores que estejam cientes da importância da luta contra as mudanças climáticas.
2. Estudar sobre o assunto e compartilhar conhecimento com as pessoas
Incentivar a discussão a respeito do colapso climático pode ser um desafio, principalmente diante das polêmicas que giram em torno desse assunto. Porém, pode ser uma boa maneira de estimular a curiosidade das pessoas sobre essa pauta. Contudo, é importante buscar fontes de lugares confiáveis para não correr o risco de espalhar mais fake news climáticas por aí. Abaixo, algumas organizações, documentos e portais sérios que tratam a respeito disso:
4- IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
3. Buscar hábitos simples no dia-a-dia que fortaleçam seus ideais
Como já falamos na primeira parte deste artigo, as questões climáticas não são apenas uma responsabilidade individual, pois envolvem questões estruturais e históricas. Entretanto, isso não quer dizer que você não possa começar uma pequena mudança na sua vida e, quem sabe, inspirar seu ciclo social a fazer o mesmo?
Quando falamos em mudanças na sua vida, estamos nos referindo a pequenos hábitos que podem ganhar espaço no seu cotidiano. Por exemplo, sabemos que a atividade agropecuária está bastante ligada à poluição do ar. Por isso, evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e de origem animal pode ser uma boa ideia. Com o tempo, esse seu novo hábito pode influenciar pessoas a sua volta a pensar sobre uma alimentação mais saudável e o consumo ético.
Para saber mais sobre as problemáticas da alimentação ultraprocessada com base em produtos de origem animal, nós indicamos o podcast Prato Cheio do jornal “O Joio e o trigo”.
4. Apoiar pequenos produtores que desempenham práticas sustentáveis
Esse ponto poderia entrar em hábitos para cultivar na sua rotina. Porém, separamos um tópico só para ele, pois existe uma enorme importância no encurtamento da relação produtor-consumidor. Quanto mais próximo for esse vínculo, mais atenção daremos ao nosso entorno, à nossa comida e, consequentemente, à Natureza.
Além disso, encurtar essa relação muitas vezes significa investir em práticas sustentáveis como a agroecologia. Esse sistema de cultivo respeita a ciclicidade da Natureza, de modo que o impacto ambiental seja mínimo. Diferente da monocultura, que depende de latifúndios, uso intenso de mecanização, alto consumo de água e de combustíveis, emprego de fertilizantes químicos, sementes transgênicas, agrotóxicos e antibióticos. Toda essa cadeia gera grandes impactos na qualidade do ar, visto que o desmatamento e as queimadas acompanham a produção monocultora.
Para saber onde encontrar produtores orgânicos perto de você, indicamos o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos e o Mapa de Feiras Orgânicas do IDEC(Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
5. Incentivar ou fazer parte de coletivos que atuam em prol da saúde das pessoas e do meio ambiente
Por último, mas não menos importante! Essa é a nossa deixa para te convidar para conhecer mais o nosso trabalho :)
O Instituto Saúde e Sustentabilidade é pioneiro em tratar questões ambientais e seus impactos na saúde. Para ler nossas publicações, basta clicar nesse link. Porém, se você quer ler mais artigos simples como esse, clique aqui.
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